Análise de Livro: Cidades de Papel
Sei que John Green tem muitos fãs, mas ainda assim, me
arrisco a ser sincera na minha análise deste livro.
Cidades de Papel não é o tipo de livro que eu leria por
livre e espontânea vontade, mas devido a um trabalho de curso, me aventurei
nesta missão. Por outro lado, eu realmente queria saber porque John Green faz
tanto sucesso entre o público jovem, e também queria saber a que se refere o
título da história. Vamos por partes.
Cidades de Papel conta a história de Quentin, ou
simplesmente “Q”, e sua vizinha misteriosa Margo. Como as típicas histórias
adolescentes norte-americanas, Quentin é um cara comum, que apanha dos
valentões, não é popular, não é galã, e tem um grupo de amigos com as mesmas
características. Por outro lado, Margo é bonita, popular, conquista todos os
garotos e inevitavelmente namora o mais popular de todos eles. Quentin e Margo
eram amigos de infância, mas na adolescência cada um tomou seu rumo graças às
diferenças de personalidade.
Certa noite, Margo aparece na janela do quarto de Quentin,
convida-o para uma aventura e, depois disso, ela desaparece por dias. Quentin e
seus amigos começam uma busca por Margo, encontrando-a transformada em uma
mendiga. Vou parar por aqui.
Por que “Cidades de Papel”? Margo costuma dizer que as
pessoas, as coisas, as cidades, são todas de papel quando quer dizer que são
vazias, fúteis, superficiais. Não são o que parecem, não são o que alguém
idealizou. Ela reconhece ser uma pessoa “de papel”, que vive preocupada com
status, popularidade, festas, aparência e a opinião alheia. Este é o motivo
que a leva a abandonar tudo e viver sua vida “livre”.
Pontos fracos do livro: a primeira baixa dessa história é
excesso de palavrões. Como escritora, eu sei que os diálogos caracterizam os
personagens, e que John Green queria caracterizar seus personagens
adolescentes. Mas achei desconfortável o
número de palavrões e obscenidades que escapam da boca dos personagens.
Muitos vão dizer que é a realidade e blablabla. Mas isso é
um estereótipo. Quer dizer então que todo jovem fala palavrão? Todo jovem é
malicioso? Todo jovem relaciona tudo a sexo? Não. Com certeza não. Mas
provavelmente livros como esse colaboram para a robotização dos jovens,
incutindo em suas mentes que “isso é ser jovem”, isso é o normal e aceitável
pela sociedade e é assim que tem que ser.
Sou contra o palavrão e a obscenidade. Em excesso então, me
dá náuseas. Ler aqueles diálogos me dava vontade de lavar a boca daqueles
meninos – e meninas, mais feio ainda! – com sabão de soda.
Outro ponto fraco: na tentativa de falar sobre a preocupação
dos jovens com a popularidade e tantas coisas fúteis, Cidades de Papel acabou
se resumindo a isso. Não fica nenhuma lição, nenhum aprendizado, nada que te
faça pensar depois. Você é a mesma pessoa antes e depois do livro.
O assunto poderia ser muito bem explorado, mas não. As
pessoas são “de papel” e continuam sendo, inclusive Margo, que foge em busca de
preencher seu vazio. Os personagens demonstram um egoísmo nebuloso, que nem
todo leitor percebe, e a história termina assim, cada um pensando em sua
satisfação pessoal e só. O interesse próprio é o que vale.
Vi comentários sobre o livro que diziam: “história sobre o
verdadeiro amor”, “história sobre a verdadeira amizade”, e das duas uma: ou
essas pessoas estão equivocadas ou é melhor não termos esse tipo de amor e de
amigos, que apenas nos sugam e vão embora.
Mais um ponto fraco: usar citações bíblicas em vão. Os norte
americanos são muito conhecedores e pouco praticantes da Bíblia. Como cristã,
não aceito que algo sagrado seja usado em vão.
A personagem Margo usa passagens bíblicas de forma
distorcida, para justificar a criação de uma lei própria de vingança contra
seus “amigos”. Egoísta? Você não viu nada.
Pontos fortes: sinceramente, não achei. Mas o que aprendi
com este livro é que a receita dele para o sucesso é a mesma de Hollywood:
adolescentes estereotipados. O nerd, a patricinha, o valentão, baile de
formatura, bebedeira, sexo sem compromisso, bullying, e tudo aquilo que você já viu nos
blockbusters desse tipo.
A juventude de hoje merece mais. Por isso que muitos jovens
se resumem a isso. É uma pena.
Luana Alves
Moro em uma cidade com pouco mais de 18 mil habitantes (acredite, esse dado é importante no meu perfil). Sou professora de educação infantil, formada em roteiro de cinema, cursando Letras, líder de jovens na igreja. Minha casa é verde e quase tudo que há dentro dela também kkk. Amo minha família, amo escrever, mas o meu Deus eu mais que amo, Ele é a Razão de tudo, inclusive disso.
0 comentários:
Postar um comentário
Participe deixando sua opinião :)